"Porque se tem direito ao grito, então eu grito."

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Eu te amo

"Ah, se já perdemos a noção da hora

Se juntos já jogamos tudo fora
Me conta agora como hei de partir

Ah, se ao te conhecer
Dei pra sonhar, fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que inda posso ir

Se nós nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir

Se entornaste a nossa sorte pelo chão
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu

Como, se na desordem do armário embutido
Meu paletó enlaça o teu vestido
E o meu sapato inda pisa no teu

Como, se nos amamos feito dois pagãos
Teus seios ainda estão nas minhas mãos
Me explica com que cara eu vou sair

Não, acho que estás te fazendo de tonta
Te dei meus olhos pra tomares conta
Agora conta como hei de partir..."

Chico Buarque

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Desejo


Quero SER.
Quero TER.
Quero PERTENCER.

Acho que não é muito a pedir...

Pelo avesso

O comportamento doce se esgotou, seus olhos mudaram de cor.
Se tornaram gradativamente mais escuros
transbordando lágrimas de horror.
Os lábios, duramente pressionados um contra o outro
não atrevem a se abrir.
Os dentes rangem no mínimo encostar.
Sente cada célula do seu corpo se expandir
dando a impressão de que vão estourar.

Sorrir nem tenta, não consegue ser falsa a esse ponto.
Está sozinha em seu canto,
liberando seus prantos.
Preocupada apenas em ser esquecida,
em não ser lembrada,
em se transformar em um oco nada.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Refúgio

Houve um dia em que menti.

Disse para a pessoa que eu mais amava que eu não a queria perto de mim.

Menti para protege-la da minha insanidade rancorosa,
da minha vivencia dolorida,
da minha face abatida,
da minha complexidade venenosa...

Mas para minha surpresa, fui contradita.
Ela preferia infrentar minhas pragas,
a ter que perder minha companhia.

Não acreditei,
mas me fora provado que dela, eu não me livraria facilmente.

Hoje vejo o quão cega fui,
estava descartando o amor da minha vida.
Foi quem cicatrizou minhas feridas,
quem me reensinou a vida.

Fonte insecável de alegrias.

Sei que posso segurar sua mão
sem o medo de que de mim ela se solte.
Sei que posso me aconchegar em teu colo
sem o medo de o calor cessar.
Sei que posso te-la perto de mim por uma vida inteira,
sem me cansar.

Dela não me desfasso.
E é tudo muito além do que amar.

Muito obrigada por ter vindo me salvar.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Sonho meu.

Faz de conta que os lírios florescem o ano todo só para me alegrar. Faz de conta que na profundez do seu olhar é possível se afogar. Faz de conta que eu não preciso de carinho sozinha, e faz de conta que a saudade dita pelos seus lábios é verdadeira. Faz de conta que você me quer e que nunca me abandonou. Faz de conta que nos meus batimentos você se eternizou. Faz de conta que não desejas outra mulher e que acredita que meu lugar e do seu lado, faz de conta que estou sempre protegida pelo teu abraço.

Faz de conta que nosso tempo não passa, faz de conta que a chuva não nos molha, faz de conta que nossas noites são para sempre, faz de conta que eu não choro sozinha...

Faz de conta que tudo isso não seja meramente faz de conta...

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Doce

Não considero o esperar uma sensação agoniante, pelo contrário, eu gosto da adrenalina da espera, gosto de sentir meu coração aumentar o pulso e o tremer das minhas pernas. Mas melhor ainda é quando o esperado acontece, e muitas vezes acompanhado de acontecimentos melhores e inimagináveis. Eu gosto, e gosto muito de querer ganhar somente um beijo, mas junto receber um abraço. Gosto de sonhar com palavras de amor ditas no ouvido, e de presente sentir minha pele se arrepiar. Delicio-me ao pensar que ao lhe dizer que estou a sentir frio, esperar que você me traga um cobertor, mas ao invés disso, sentir seus braços me comprimindo junto ao teu corpo num tênue contato de calor. E eu digo com certeza que esses dias virão, acompanhados de brindes de surpresa, ao despertar de uma paixão.

    

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Egoísmo (por amor)

Mais um texto do meu papai.

"Ao longo do viver percebi que deveria aprender a ser EGOÍSTA
e ao sê-lo, descobri que deveria dar o melhor pra mim mesmo;
assim sendo não deveria carregar mágoas, ressentimentos, ciúmes,
rancores nem sentimentos de vingança ou ódio.
Para viver o melhor, não deveria eu, sentir raiva, ódio, ciúme, inveja, vergonha ou preconceito.
Para viver o melhor possível não deveria, ser escravo de meu orgulho, minha vaidade, meus desejos, meus vícios ou dependências.
Para viver o melhor possível, deveria desejar que meus pares tivessem suas necessidades básicas e essenciais satisfeitas, que vivêssemos num mundo justo e equilibrado.
Para viver em paz comigo mesmo, deveria sentir amor por todas as pessoas e aprender a escolher as pessoas com quem gostaria de compartilhar.
Para viver bem comigo mesmo, deveria ampliar minha capacidade de entendimento e compreensão das escolhas de meus pares, que podem ser diferentes de minhas escolhas pessoais.
Para viver feliz comigo mesmo, deveria aproveitar cada momento durante o viver pra exercitar o melhor de mim, pra descobrir como ser melhor, como me aproximar da perfeição esperada de mim pela divindade.
Para viver em êxtase, deveria eu me permitir o sentimento de amar e do amor em mim; como se fosse eu uma ponte de passagem do amor Divino."

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Aconteceu de novo

E ele continuou repetindo que não era nada. Que o que eu sentia não era nada. Que no peito dele, não havia nada.
Tais palavras me doeram como navalhas.. então escrevo agora o que da minha boca nunca quis soltar.
Eu não o amo, verdade, mas meu coração que mesmo com tanto sofrer continua bobo, estava seguindo por esse caminho cego.
Eu não o quero para mim, mas algo em você me puxa para mais perto.
Finalmente em muito tempo me senti bem na companhia de alguém.
Bem de verdade.
Segurada com força no calor de nossos corpos em puro êxtase, pude sentir as batidas de seu coração,
que me doeram, porque no fundo eu sempre soube que elas não eram para mim,
e que elas nunca serão...

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Em um segundo... se foi.

Forço o ar para dentro dos pulmões para conter os soluços, mas o cheiro de seu perfume contamina-me o olfato.
Atônita, contemplei minhas lagrimas que encharcavam a terra fofa.

Não podia acreditar que o que eu achava ser verdadeiro não era...
As batidas de seu peito que eu julguei serem apaixonadas, não eram para mim.
Por que me enganastes entao?
Meu pescoço ainda formiga no lugar onde você encostou seus lábios pela última vez.
Minha boca permanece entre aberta na esperança de recebe-los de volta.

Abri os olhos: nada, escuro.
Nem rastro, nem sinal de sua existência naquele local.
Contrai-me inteira tentando amenizar a dor que explodia em meu peito, mas não adiantara.

Debrucei-me e finalmente algo justo aconteceu: o chão me engoliu e me poupou a dor.

Hoje naquele mesemo local germinou uma flor, que mesmo sem cor, permanece bela, como foi meu amor por você.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Libertando-me

Segue seco, quente e áspero.
Corroi por onde passa, comprime, grita e explode.
O fogo se espalha pelos corredores do meu abrigo com raiva,
mas eu não corro.
Sinto o cheiro da minha pele queimando... mas eu gosto.
Quero virar cinza logo.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Estação Errada

Eu havia prometido,
eu havia esquecido,
eu havia superado.
Pelo menos, pensei ter,
mas mais uma vez, caí nas bobas ilusões que criei

A dor ainda lateja em meu corpo,
queima meu estômago,
consegue abrir velhas cicatrizes.

Tudo escarlate,
meu peito vazio.
Minha mente inquieta,
meu corpo imóvel.

Rosa seca de espinhos apontados
que mesmo sem cor... não morre.

Pensei ter pego o trem e ido embora,
mas eu continuo aqui...


...amando você.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Nada

Andam me pergunta demais o que eu tenho.
Por acaso sou estranha? Sou misteriosa? Talvez mais extrema que o normal?
E ainda que os outros não acreditem, a resposta clichê é a verdadeira:
- O que você tem?
- Nada ué!

Eu tenho o nada, e o nada me tem. E estamos bem assim, obrigada por perguntar.

Maltratado

Não há pulso, muito menos movimento.
Sua cor, desbotou.
Seu calor, esfriou.
Seu amor, se transformou.

Se transformou em algo que nada tem de amor,
que nada tem de dor.

Simplesmente congelou,
adquiriu consistência áspera e cor acinzentada.

Você não tem o direito de acusá-lo,
não tem o direito de discriminá-lo.
Não exija sua recomposição,
sem antes, dá-lo compaixão.

Deixe-o no meu peito como está.

Sem pulso.
Sem cor.
Sem calor.
Sem amor.

Aqui jaz meu coração.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Preciso Lhe Falar

Texto feito para mim pelo meu pai, quem me ensina tudo que sei e que pratico minhas ações a partir do que ele me ensina. Acho importante passar para frente.

"Perdoe-me, preciso lhe falar:
Que você não veio a este mundo nesse momento
para apenas usufruir dele e ser feliz, vieste sim para dar um pouco de si.
Estimule as pessoas a se conhecerem mais e melhor,
procure auxiliá-las em sua reconstrução ético-moral.
Mostre-lhes que caminhos de aprendizagem e evolução
podem ser percorridos sem dores, perdas ou humilhações.
Deus espera de você mais do que pensas que pode dar.
Não se perca pelo caminho, liberte-se dos vícios, dos apegos...
Não se prenda a mágoas e decepções, você não merece carregar isso!
Conquiste a si mesma! Busque aprender todo o tempo.
Aumente sua capacidade de entendimento, seja generoso (a)!
Esqueça as calúnias, ofensas e agressões, o outro pode estar doente!
Talvez precise de sua compreensão!
Aprenda a perdoar; as grandes almas o fazem sem esforço algum!
Trabalhe para seu aperfeiçoamento e para os daqueles que estão próximos.
Procure desenvolver e expandir sua capacidade de amar...
Seu sentimento só pertence a ti, sinta-se feliz por amar!
Felicidade é construção e conquista pessoal que requer:
Dedicação, trabalho e Amor generoso!
A perfeição é nosso destino, somos LUZ!"

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Gatria

Estrela bonita que ilumina meu mundo particular.
Estrela que vivo a contemplar.
Brilha na solidão e continua bonita, queima todo dia e sempre me fascina.
É uma no meio de tantas, mas nem uma se compara a ela.
Me acalma, me protege, me guarda, me rege.
É espetacular, subentendida, reflete na minha pele em noites de luar.
Quem sabe um dia tu poderás me levar para junto de ti brilhar...

Ninguém



Talvez eu não seja daqui, talvez tudo isso não seja pra mim.
Qual será a máscara que me consome? O que será o que eu sinto de verdade?
Uma pedrinha num penhasco, prata desfocada pelo ouro. Prazer essa sou eu.
Teço a muito tempo, mas nunca terminei o pequeno tapete.
Não me lembro da última vez que mamãe me tocou, nem da última vez que fui beijada com amor.
Sempre pedi um café doce e suave, mas sempre ganhei um forte e amargo.
Meu coração você o desfez em um só rasgo.
Talvez eu nao seja daqui, talvez tudo isso não seja pra mim.

Sonhos de uma vida feliz

Que mané rotina, cansei da minha monotonia. Hoje eu quero mais.
Cansei de lamentar minha solidão, sendo que tinha tantas companhias a minha volta. Não quero mais ter que chorar pela mesma causa duas vezes. Parece que o ser humano gosta de sofrer, mas cansa! Eu quero rir o mais alto que posso, quero correr atrás de uma borboleta só para ver aonde ela irá me levar, quem sabe a surpresa que estaria a me esperar.
Quero ver a beleza na alma mais sádica, quero sentir o calor do coraçao mais frio, quero tocar o intocável, quero ver o tímido fazer escândalo, quero provocar o sentimento de um insensível, quero tomar banho de chuva num vestido branco, quero gritar de prazer nos braços da pessoa amada, quero ver os olhos de um apaixonado brilharem, quero sentir o que o poeta sente, quero construir constelações e ver uma estrela cadente todos os dias, quero parar de ser o que os outros querem que eu seja.
Quero me arriscar, quero amar como nunca amei alguém, quero abraçar muitas pessoas, só para ver um sorriso estampado em seu rosto. Às vezes um sorriso e tudo que eu preciso para passar o dia.
Eu to com fome, fome de sentimento, fome de descobrir o que me espera.
Da próxima vez que o vento soprar, vou deixar ele me levar.

Vou me perder num caminho que não existe, e não vou voltar tão cedo.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Fome de normalidade

Contra
Inverso
Extremo

Quando me perco, me acho
Quando choro, sorrio
Quando me desespero, me acalmo

Grito - gargalho
Fecho - abro
Desligo - ligo
Quebro - concerto

Sinto, logo não sinto mais
Sou o quente, logo o frio
De coração mole, mas logo duro
Feliz!... Mas também infeliz...

Falo, mas calo
Quero o tudo, mas também quero o nada
Desejo a solidão, mas também a companhia
Quero sentir amor, quero sentir dor
Às vezes sinto-me completa, mas também sinto-me vazia

Gosto do branco e do preto

Mas eu queria viver no meio-termo, no meu próprio mundo neutro.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Eu conto pra ti o que eu vi

Acordei cedo num domingo, coisa rara vinda de mim, com algo formigando na cabeça, como se eu precisasse encontrar algo para dividir parte de mim. Levantei com pressa, como se estivesse atrasada. Peguei meu café e fui a andar pela cidade sem saber aonde ir, guiada pelos meus pés que pareciam nervosos. Por um segundo tive que conter a vontade de correr. Pensei que estivesse ficando louca, ou que algo houvesse se apoderado de mim. Aonde estava indo? Eu queria tanto saber que deixei a vontade me controlar e com pressa corri.
De repente parei. Olhei ao redor e tudo que pude ver eram poltronas e um palco. Contemplei tudo sem entender, corri o olhar pelas cortinas que me lembravam dosséis, quando de repente notei algo diferente e o ambiente ganhou nova cor. Havia algo no centro do palco. Algo brotando, algo que desde o começo estava me chamando.

Era uma flor! Não acreditei no que vi. Flor de beleza incontestável, diferente e misteriosa. Senti uma onda de felicidade batendo em mim com muita intensidade, e ali parei, pasma a contemplar, a flor que surgiu naquele lugar sem ao menos avisar. A flor do palco é rara, a flor do palco engana. Sua formosura é tanta que é quase imperceptível a sua necessidade de carinho. Dizem que ela aparece quando você se sente só, quando precisa de sorte, quando precisa dar amor a alguém, e eu mesma vivenciei a experiência linda que é. É plena, é pura, fascina. É o que eu precisava e eu encontrei. Levo-a sempre comigo, na memória e na companhia. É meu amuleto da sorte, lembrete pra vida. Minha Florbela que nasceu artista. Ela quer dizer o que viu, e vive a surpreender. O infinito é pouco, ela quer mais. É assim que eu sei descrever Bárbara, o que significou pra mim te ver pela primeira vez e o prazer que é te ter por perto, cada dia mais.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Evaporar

"Tempo a gente tem
Quanto a gente dá
Corre o que correr
Custa o que custar

Tempo a gente dá
Quanto a gente tem
Custa o que correr
Corre o que custar

O tempo que eu perdi
Só agora eu sei
Aprender a dar foi o que ganhei
E ando ainda atrás desse tempo ter
Pude não correr pra ele me encontrar
Não se mexer
Beija-flor no ar

O rio fica lá, a água é que correu
Chega na maré, ele vira mar
Como se morrer fosse desaguar
Derramar no céu, seu purificar
Deixar pra trás sais e minerais
Evaporar"


Rodrigo Amarante

sábado, 27 de junho de 2009

Agradecimento inesperado... até pra mim!

Admito, você não me deu só castigo.
Se não fosse por ti,
eu ainda mergulharia no mar acidentado e avançaria mais para o fundo,
sem ter a mínima noção do perigo em que me encontrava.
Se não fosse por ti,
fraca ainda seria,
beberia e abusaria das tentações,
mas particularmente, daquelas em que há ida e raramente há volta.
Nas mãos dar dor me encontraria, e tudo sem entender o porque eu tanto sofria.
Se não fosse por ti,
ainda me indagaria todas as noites se o que eu passava era merecido.
Já pensei em visitar um médico para que ele me dissesse o porquê a comida não tinha gosto,
a rosa não tinha cheiro,
porquê no som só ouvia ruídos...
Mas foi você que me tirou tudo isso,
eu havia fechado os olhos para nunca mais abri-los.

Mas abri.

E quando abri,
nunca degustei de um doce tão doce,
nunca cheirei flor mais cheirosa,
nunca ouvi melodia mais requintada...
Toda pedra avistada era uma esmeralda, talvez um rubi,
topázio, quem sabe até diamante...
Meu caminho estava livre, sem onde tropeçar ou me desviar.
Aah, se não fosse por ti, perdida eu ainda estaria.
Que pena seria perder toda essa maravilha!

Por isso agradeço.
Obrigada por ter entrado na minha vida e ter me destruído.
Mais ainda,
obrigada por não ter feito este papel direito.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Detalhes de açúcar.

Cheirinho de terra, chocolate amargo.
Violetas na janela, beijinhos apertados.
Café com canela e um trago no cigarro.
Cantar com um amigo, rir de um palhaço.
Vencer um desafio, aconchegar-me num abraço.
Amar minhas melhores companhias,
e ter certeza que estou sendo amada de volta.
Aah, eu tinha me esquecido o quanto essa vida é gostosa...

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Dispenso

Não preciso disso, dispenso. Essas noites finalmente estão sendo diferentes de todas as outras, simplesmente porque dispenso. Dispenso a dor, porque sofrer por ti não tem sentido. Dispenso o ciúme, porque dele só tirarei rancor. Dispenso sua opinião, porque nada mais é do que uma forma sua de me deixar triste. Dispensando me acho, dispensando eu vejo, dispensando esqueço. Eu vivo do dispenso.

Mesmo que esquecido tu não estejas, dispenso seu olhar, dispenso seu carinho, dispenso seu beijo. O dispenso me cura, o dispenso me trata. Trata das minhas feridas ainda abertas, que ainda escorrem o sangue, o sangue negro que você criou e em mim despejou, o sangue que durante tanto tempo me envenou. Por isso dispenso, dispenso esse seu veneno. Curada um dia estarei. Por isso digo o que nunca pensei que fosse lhe dizer:

Hoje, eu te dispenso.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Felicidade Montada

Eu nunca entendi. Se a flor é tão bela, por que murcha? Se o céu é tão aberto, por que se fecha? Se o amor é para sempre, por que se acaba? Por que? Seriam esses os castigos? O carma cotidiano pelo qual a humanidade pecadora deve passar? Por que um sorriso não pode ser sempre sincero? Por que o toque é tão escandalizado? Quero ver alguém ser feliz sem ser tocado, sem ser abraçado, sem ser beijado, sem ser amado. Felicidade está no choque da sua pele contra a minha, nos raios de sol em dias nublados, num abraço de saudade, no bocejo de uma criança, num beijo sofrido e apaixonado, nas melodias de uma música dedicada, no calor da luxuria entre cara-metades. Mas quando tudo isso acaba, lá se vai a felicidade junto... se esvaira, corre como areia entre os dedos. O final é irreversível? Porque toda delícia não se pode continuar? Diga-me que não farás o mesmo, que deixar-me não será capaz. Fique aqui, não se vá... me dê o gostinho bom da sua presença, lábios na pele, arrepios na espinha, borboletas no estômago. Faça-me feliz por este instante antes que tudo acabe, como a flor que murchou, como o céu que se fechou, como o amor que se acabou...

Passar. Passado. Passei.

Foram-se 3 anos de perda de tempo, de ilusões, de falsas esperanças. 3 anos achando que tudo iria mudar e um dia nossa felicidade iria reinar. 3 anos de angustia, gritos, soluços e choros para depois ouvir um pedido por perdão e aceitar, sem mais nada reclamar. Ouvir um perdão seu era um grito de alegria, uma vontade incontrolável de cair nos seus braços e dizer que estava tudo bem só para ver um sorriso que tanto fazia minha pele formigar, minha mente se desligar e o ambiente todo se colorir. Mas a cada erro, cada bruta palavra sua que era solta sem pensar, me rasgava como laminas afiadas, e dos ferimentos corriam mágoas profundas, gritos de ajuda, tortura, desespero... Por muito tempo parecia que eu havia perdido meu respeito próprio, deixando suas palavras me abaterem com tanta intensidade que eu nem mais sabia o que era o certo e o errado, o concreto e o irreal. Compreender, você nunca conseguia, achava apenas que eu estava exagerando, sensibilidade feminina. Dizia que o que eu sentia não fazia sentido e com todo o carinho e o respeito que sempre senti por ti, acreditava ilusoriamente em suas palavras, assumia a culpa e lhe dizia palavras de submissão. Mas 3 anos se passaram, e nesses 3 anos, sem perceber, banalizei minha própria vida, não enxergava o quanto a dor sentida fez eu perder momentos, alegrias e até a conhecer pessoas e seres novos que poderiam ser anjos que vieram a mim por motivos diversos, mas eu não os enxerguei, pois só tinha olhos para ti. Olhos cegos, vendados de paixão. Mas agora o cansaço bateu. Agora cada segundo será valido e gasto do melhor jeito, sem o rancor e o gosto amargo que sempre tanto demonstrei. Abandonar-te, jamais meu amor, a cada segundo que quiseres, aqui estarei, só não me peça minha submissão e a paixão que por ti eu sentia, deles você não precisa, possui-os de sobra, durante 3 anos foi tudo que eu o ofereci. Agora guarde-os com carinho, porque de mim, tu não terás mais.

3 anos não passam tão rápido assim...