"Porque se tem direito ao grito, então eu grito."

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Eu conto pra ti o que eu vi

Acordei cedo num domingo, coisa rara vinda de mim, com algo formigando na cabeça, como se eu precisasse encontrar algo para dividir parte de mim. Levantei com pressa, como se estivesse atrasada. Peguei meu café e fui a andar pela cidade sem saber aonde ir, guiada pelos meus pés que pareciam nervosos. Por um segundo tive que conter a vontade de correr. Pensei que estivesse ficando louca, ou que algo houvesse se apoderado de mim. Aonde estava indo? Eu queria tanto saber que deixei a vontade me controlar e com pressa corri.
De repente parei. Olhei ao redor e tudo que pude ver eram poltronas e um palco. Contemplei tudo sem entender, corri o olhar pelas cortinas que me lembravam dosséis, quando de repente notei algo diferente e o ambiente ganhou nova cor. Havia algo no centro do palco. Algo brotando, algo que desde o começo estava me chamando.

Era uma flor! Não acreditei no que vi. Flor de beleza incontestável, diferente e misteriosa. Senti uma onda de felicidade batendo em mim com muita intensidade, e ali parei, pasma a contemplar, a flor que surgiu naquele lugar sem ao menos avisar. A flor do palco é rara, a flor do palco engana. Sua formosura é tanta que é quase imperceptível a sua necessidade de carinho. Dizem que ela aparece quando você se sente só, quando precisa de sorte, quando precisa dar amor a alguém, e eu mesma vivenciei a experiência linda que é. É plena, é pura, fascina. É o que eu precisava e eu encontrei. Levo-a sempre comigo, na memória e na companhia. É meu amuleto da sorte, lembrete pra vida. Minha Florbela que nasceu artista. Ela quer dizer o que viu, e vive a surpreender. O infinito é pouco, ela quer mais. É assim que eu sei descrever Bárbara, o que significou pra mim te ver pela primeira vez e o prazer que é te ter por perto, cada dia mais.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Evaporar

"Tempo a gente tem
Quanto a gente dá
Corre o que correr
Custa o que custar

Tempo a gente dá
Quanto a gente tem
Custa o que correr
Corre o que custar

O tempo que eu perdi
Só agora eu sei
Aprender a dar foi o que ganhei
E ando ainda atrás desse tempo ter
Pude não correr pra ele me encontrar
Não se mexer
Beija-flor no ar

O rio fica lá, a água é que correu
Chega na maré, ele vira mar
Como se morrer fosse desaguar
Derramar no céu, seu purificar
Deixar pra trás sais e minerais
Evaporar"


Rodrigo Amarante