"Porque se tem direito ao grito, então eu grito."

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Dedicatória

Fitava eu o chão.
Lembranças e frustrações enchiam meus pensamentos chegando a sufocar, o nariz começando a formigar prevendo as futuras lágrimas que iriam a qualquer momento vingar de meus olhos negros de poço profundo. Mesmo com tanta dor a pulsar por entre as veias, chorar na frente de outros não convém. Seque as lágrimas e levante a cabeça para a vida.
O fiz, foi então que o avistei.
A visão que iluminou o negro de imediato, que deu brilho ao olhar opaco, que fez pulsar corpo a fora todo o veneno que aos poucos me sucumbia.
O homem que me puxava para perto num magnetismo louco, que me enlouquecia no desejo de provar os mais doces lábios que viria a encontrar. Que no encanto e na falta de cuidado, acabei me vendo perdida por entre seus devaneios de belas palavras e gestos, de olhares profundos e complexos, da boca louca que me beijava por inteira, absorvendo os mais belos pedaços de minha alma para si.
O vício, o puro, o pico da heroína perfeita, mas que nosso cruel destino me tiraste tua visão.
Se fora com palavras sofridas de adeus, e partiu em passos oscilantes em direção ao horizonte desconhecido, e eu a observar sem acreditar com o corpo sendo tomado pelo frio.
Tua ausência me dói. Ás vezes penso que não poderei suportar nem mais um dia ao sentir a ardência das feridas abertas que insistem em escorrer você delas.
Você.
É você que agora pulsa por entre as minhas veias, que alimenta cada célula de meu gelado e pálido corpo feito mármore, dando-o cor, dando-o calor. Não sou mais minha, nem de todos os outros que me servem de consolo, sou sua, por inteiro, por completo.
Tuas palavras ecoam em meus ouvidos quando deito em meu leito de pranto, me acalmando, me ninando.
Caio no sono.
Sonho o mais belo e real dos sonhos. Teus olhos nos meus, no fundo, dentro, caloroso, suave e ao mesmo tempo intenso, louco, sedento, lindo, perfeito... perfeito!
Talvez seja muita utopia te imaginar junto a mim novamente, mas sei que um anjo da guarda nunca abandona seu protegido, e tu és o meu, meu bem, meu amor, meu malandro, meu querido...

Bem guardado

“Você é mágica.
Pode ser utopia demais imaginar a gente junto de novo, sabe... se formos céticos por alguns instantes, vamos ver que não rola.
Com tudo que eu passo quando penso em você, quando eu te desejo e tudo...tudo que eu mais desejo é que, no mínimo, morássemos na mesma cidade. Já te chamaria de minha menina.
É tudo muito mágico, tudo muito bonito.
Penso em você todo dia, sim. Penso no sexo, no beijo, no teu olhar todo dia, sim. E me aperta muito.
Morro de ciúmes ao imaginar você escrevendo tudo isso pra outra pessoa, você olhando pra outra pessoa como ce olhava pra mim... sinto mesmo.
Mas não me sinto no direito de nada, mas queria sim, ter esse direito.
É uma merda, simplesmente. Não te digo nem 1/3 do que penso ou do que quero justamente por não me sentir no direito, e até por poder passar pela mesma coisa com a qual eu temo que você passe, me relacionar com outra e tal. Não o faço se tenho você na cabeça, vou olhar claro! Mas não ter.
(-Se acontecer, prefiro nem saber.)
Mas não acontece. E se acontecer vai ser em um futuro momento em que isso não acontecer mais.
Me tenho como teu, me imagino como teu.
E simplesmente, não vejo em qualquer outra, o que vi em você...”

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Porque se tem direito ao grito.

Acabei de escrever esse texto. Não é poético, nem bonito, talvez nem mereça ser lido. É apenas um desabafo cru, que não tem ordem, nem busca sentido. São palavras vomitadas, talvez de forma violenta. Aí vai:

Nunca fui do tipo certinha. Certinha no sentido de que nunca me encaixei e nunca aceitei os padrões que outros tentaram impor a mim. Não nego minhas vontades, minhas opiniões, não me faço de casta e pura porque nem um outro ser é, e fingir é algo que sempre me negarei a fazer. Nunca fui o que os outros imaginavam e queriam que eu fosse. Mesmo sem me dizer, sei que isso sempre incomodou minha mãe. Afinal, que felicidade seria ter uma filhinha que não pensa muito e que conseqüentemente, não traria tantos problemas à mente ocupada da mãe que nunca quis saber as idéias e frustrações que se passavam naquela cabecinha confusa e sem modelos que se desesperava cada vez mais ao longo dos anos. Desespero mental, foi isso que passei durante muito tempo. Sufocada numa realidade que não me fora dado a fala, que nunca me fora dado a liberdade de me expressar, tive que achar por mim mesma, cria-la por mim mesma, para que não acabasse sufocada na frustração de ser obrigada a ser o que não nunca nasci para ser. Nunca aceitei o que me era imposto de forma ferrenha por ser amante inegável da justiça e da liberdade de expressão. Olho em volta e aprendo com os erros de outros e prometo a mim mesma nunca agir da mesma maneira. Nunca gostei de ser presa a um grupo, pois gosto de me envolver com o todo. Pobre de espírito aquele que fecha os olhos para outras idéias de mundo, que trata o outro de forma hierárquica e pré-define algo que não conhece e que nunca teve contato. Irracional e estupidamente medíocre, é aquele que não ouve, não pensa, não discute, nem quer saber de razoes, nem fala, mas grita, julga, ordena e causa sofrimento que poderia ser evitado se agisse com simples coerência, humildade e acima de tudo inteligência. Sim, quem se limita e se acha no direito de limitar o outro é BURRO, ESTUPIDO, ALIENADO E MERECEDOR DE VERGONHA ALHEIA!

E mesmo que isso incomode outros ao meu redor eu falo: eu amo, eu gozo, eu sinto, eu penso, eu discordo, eu grito.

E continuarei gritando se continuarem negar a ouvir o que míseros sussurros poderiam dizer.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Acalanto

"Dorme minha pequena,
não vale a pena despertar..."
(Chico Buarque)

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Acredita

Aqui, na manhã de domingo,
observando-te enquanto dormias,
confesso que pisquei os olhos algumas vezes
para ver se realmente,
o perfume que eu estava a sentir
era o teu.
Que os pés frios a te acordar
eram meus.
Que o calor que estava a aquecer o quarto,
era de fato,
nosso.

domingo, 16 de maio de 2010

Olhos nos olhos

Já não se pode confiar no confiável, a ilusão anda cada vez mais próxima do que imaginamos.
O concreto não existe mais, o nada preenche o oco de forma a fazer esquecer que tal um dia já existiu.
Já não enxergo as mesmas cores, nem tenho as certezas que tinha antes, nem sei se me sobra algo para oferecer a alguém.
As pétalas que caem das flores que me deste, marcam os dias em que me nego a ir ao seu encontro, simplesmente por não querer olhar-te nos olhos e ver, que assim como tudo mais que me cerca, você também não é aquilo que eu pensei que fosse.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Variável

Minha única certeza é que não existe nada mais certo.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Desperta-me

Uma leve sacudida dos meus cabelos já te chama a atenção.
O perfume invade teu olfato como feromônio, erguendo teus olhos em direção a minha nuca nua que implora pelo toque de seus lábios.
Os cachos deslizam sem querer do ombro ao meio das costas, provocando um arrepio: era tudo o que você precisava.
Então eu sinto. Tua respiração exala desejo e tua boca molha-me o pescoço. Delicadamente, tuas mãos alcançam meus seios num êxtase sutil, me levando a um louco estado febril de pura vontade.
Delírio, não seguro. Em cada mordida sinto como se estivesse levando um pedaço seu para mim. Pedaço de alma, alma bruta, calor, luxúria.
Te puxo, aperto, te querendo dentro, cada vez mais perto.
Você gosta, você quer devorar meu corpo, sentir meu gosto, ir aonde ninguém jamais foi antes.
Afogados em puro pecado abençoado, a gente queima, a gente arde.
Dois corpos em fogo formando uma só chama. Aprisionados para sempre nas lembranças daquela noite em que uma música foi composta por gemidos abafados, lençóis sendo rasgados e os rangidos de uma cama.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Vácuo latente

Não quero olhar-te nos olhos,
nem sentir teu toque arrepiar-me a pele.
Não quero me afogar em teu abraço,
presa em vosso falso laço de paixão ininterrupta,
que me sufoca e que me usa, que me arranca a importância,
que de forma intensa me cansa.
Não quero ouvir-te a voz,
nem me lembrar das vezes em que ficamos a sós...

Não quero mais ter que gritar-te o nome.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Faísca

Na noite fria senti teu toque quente.
Teus olhos pairaram sobre os meus como se dissessem algo
mas não consegui adivinhar ao certo o que espremiam.
Tua boca me devorava por inteira, de forma ansiosa como se quisesse arrancar algo de mim.
Não o reprimi, deixei que sua vontade me contaminasse também.
Me aquecendo, te puxando violentamente para mais perto,
querendo que acima de nós houvesse se desfeito o teto
para que as estrelas nos iluminassem naquela noite cálida,
enquanto teus lábios limpavam-me a alma.

terça-feira, 2 de março de 2010

Comparto

Chegue logo, por favor não demore.
Entre, acomode-se, e não se vá sem a promessa de que irá voltar.
Tenho muito pra te dizer, mas não sei como nem onde o fazer.
Tudo o que eu queria era tê-lo um pouco mais, absorvê-lo somente com um olhar como você faz comigo.
Parece mágica sabia? Eu e você.
Queria poder entender a razão de eu ser teu fruto, o porquê.
Há muito de ti em mim, e isso o preocupa, eu sei, consigo ver através dos seus olhos de criança.
Sei também que se culpa por ter perdido muito da minha infância, e que se frustra ao perceber que quem agora se encontra ausente sou eu.
É que já derramei tantas lágrimas por saudades suas que tento proteger-me cada vez mais desse sentimento, mas sempre chega uma hora em que vejo que tal anseio é inevitável.
Não adianta, a distância só aumenta essa minha fome de consumir tua presença.

És tão belo. Os cabelos que antes eram negros e curtos foram substituídos por cachos grisalhos, mas os olhos verdes profundos e doces continuam os mesmos. As mãos ainda curam quando tocam, teu assobio de chegada ainda me emociona, mas teu olhar agora se encontra triste...
Parece que essa nossa dor dividida nunca acaba.
Tudo que te peço é que por favor pai, volte para casa.

Como se um pedido fosse simples de ser concretizado.
Belo sonho, mas de gosto amargo.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Flor

O que fizestes comigo? Não reconheço mais minha face no reflexo do espelho.
Como? Por quê?
Tomastes de meu corpo todo o calor.
Atastes meus punhos e meus tornozelos para que eu não encostasse em nenhum outro do modo como encostei em ti.
Isso é cruel!
Parece que me fora drenado todo o carinho que me restava e não tenho mais para oferecer a quem merece, a quem eu quero oferecer, a quem eu não quero perder, mas sinto que já o perco a cada segundo que se passa...
Sulgastes de mim toda minha energia, meu perfume, me deixaste acompanhada somente pelas lamúrias da minha sina.
Não quero mais ter que continuar repetindo o mesmo pranto.
Estou com medo, estou murchando.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Corpo a corpo

Um beijo, um desejo...
É intenso, é forte, é enloquecedor.
Dois corpos comprimidos num tênue contato de calor...
Fogo, vontade, fome... muita fome de possuir o outro por inteiro.
Suspiros altos, vidros embaçados, olhares profundos e enloquentes,
muito melhor que qualquer tipo de entorpecente.
Perfeito encaixe, perfeita sintonia.
Alguns chamam de sexo, eu chamo de paixão em carne viva.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Oco

Eu acordo e o sinto.
Respiro e o sinto.
Durante o sono eu o sinto.
Nos momentos felizes eu o sinto.
Nas horas tristes eu o sinto com maior intensidade.
Que agonia, que coisa indevida essa que reside em mim.
Implorando todos os dias para seres preenchido, ele grita, ele chuta, ele me ataca por dentro.
Acendo um cigarro na esperança de acalmá-lo.
Um mal tentando apagar outro mal, mas que delícia é nao senti-lo nem que seja por alguns segundos.
A fumaça consegue preencher o vazio por alguns momentos, me poupando seu eterno sofrimento.
Que ilusão, nada irá mudar quando o efeito passar.
Ele continuará lá, me castigando, me pressionando, exigindo seu preenchimento por inteiro.
Eis a carência, eterna ausência.
A falta que o meu coração me faz.

sábado, 2 de janeiro de 2010

Choramingo

É frustrante,
abrir os olhos e não enxergar,
encostar mas não sentir,
ouvir mas não escutar,
querer algo sem nem saber o que.

É frustrante,
falar e não ser ouvida
ser lembrada mas ser logo esquecida,
não ser quem você queria,
ser dispensável por alguém que é indispensável.

O pior é perceber que o que eu pensei que fosse verdadeiro não era.
É ver que mesmo com todo o sentimento que um dia senti
você, do mesmo jeito, nunca me quis.